Wednesday, February 4, 2015

5 modos de ser um exemplo positivo de relacionamento com o próprio corpo

Não há como negar que vivemos em um mundo obcecado por beleza e que isto tem efeitos devastadores, principalmente para as gerações mais novas.

De acordo com a National Eating Disorder Association, 20 milhões de mulheres e 10 milhões de homens nos EUA irão sofrer de algum transtorno alimentar em algum ponto de suas vidas. Os estudos também demonstram que meninas já aos 6 anos começam a expressar preocupações sobre seu corpo e peso, e que 40-60% de meninas entre 6 e 12 anos têm medo de ficarem gordas.

Mas todos nós podemos ser exemplos positivos de relacionamento com o próprio corpo.

1. Fale positivamente sobre seu corpo e evite auto-críticas
 Quando você verbaliza críticas sobre você mesmo, você está ensinando aos que estão a sua volta que tudo bem se criticar. Fale positivamente sobre você mesmo! Isso também vai lhe ajudar a mudar a forma como você se vê!

2. Expresse os seus sentimentos da forma certa
Quanto você está se sentindo emocionalmente abalado, cuidado com a forma que você expressa isto. Por exemplo, quando você está para baixo, diga 'Estou cansado', e não 'Estou gordo'. Ou 'Estou estressado' ao invés de 'Eu sou um idiota'. Se você expressar corretamente aquilo que você sente, você se torna um exemplo de maturidade emocional, sem a necessidade de dramatização.

3. Dê elogios relacionados a outros atributos que não só beleza
Elogios são sempre bons de ouvir, mas estamos acostumados a recebê-los principalmente por atributos físicos. Elogiando atributos como inteligência, coragem, criatividade ou força, ao invés de cabelo, maquiagem ou roupas, nós podemos ter um grande impacto positivo na auto-estima de alguém e passamos a mensagem que há atributos que valem mais do que a beleza e o físico em si.

4. Evite falar mal de outras pessoas
Falar mal da aparência de outras pessoas irá passar a mensagem de que você também vai aplicar estes padrões de julgamento nas pessoas que estão ao redor de você.

5. Estabeleça outros exemplos de imagem
Não é segredo que a imagem de homens e mulheres na mídia é frequentemente manipulada e, muitas vezes, anormal. Por isso, é importante resistir à tentação de por essas pessoas em um pedestal e de se comparar com estes irreais padrões de beleza. Encontre outros modelos para você, como pessoas que fizeram grandes coisas para o mundo! Discuta sobre eles, engrandecendo qualidades como coragem, intelecto e contribuições para a sociedade.


Tradução não literal de http://linkis.com/2p90y.


Alimentação intuitiva é ótima, mas transforme-a em outra dieta

Não transforme alimentação intuitiva em outra dieta

Por Sara Sophia Eisenman, traduzido por Daniela Mendes (http://www.elephantjournal.com/2015/02/intuitive-eating-is-great-but-dont-make-this-mistake/)


Se você já teve problemas como obsessão por alimentação, talvez você já tenha experimentado isso: é muito fácil transformar a nobre "alimentação intuitiva" em outra dieta infeliz.

Eu fui extremamente obcecada em fazer dieta por 10 anos. Bom, você poderia me chamar de obcecada em fazer dieta ou entusiasta da saúde, ou, olhando para trás agora, você pode chamar isso de transtorno alimentar. Todos esses termos se encaixam.

Houve periodos que eu sabia que devia haver um jeito melhor de comer. Eu sabia no fundo que a resposta provavelmente era apenas deixar para lá. Mas eu não sabia por onde começar. Como deixar para lá quando tudo que você sabe é sobre comida e fatos de dieta e você acredita que você está destruída e que aepeso é obcecado por você, e que também nenhum de seus sonhos vão se tornar realidade se você não for magra? Se essa frase soou um pouco louca e maniaca, é porque é. E é exatamente assim como alguém perfeccionista com corpo e comida se sente.

Entre dietas milagrosas, eu voltava para a alimentação intuitiva, mas de uma forma maníaca: "Eu vou ouvir meu corpo e comer exatamente o que eu quero, mas eu vou comer devagar esperando que eu não coma muito e eu vou me tornar realmente magra e feliz e saúdavel e ainda assim conseguir comer o que eu quero comer, mas espero que não seja muito. E se eu tiver vontade de comer "algo ruim" eu vou comer, rezando para que se eu me permita comer isso, eu não vou querer isso de verdade. Oh, merda. Eu quero isso. Merda, eu estou morrendo de fome. Eu não posso comer tudo isso, mas eu comi. E eu comi rápido. Eu fracassei!"

Você pode dizer... Isso não é alimentação intuitiva.
Isso é um comportamento infeliz e apavorado. E isso é uma dieta. Porque ainda há vergonha ligada a comer. Ainda há vergonha ligada ao peso. E eu ainda estou com medo de comida e de mim mesma.

Atualmente, eu estou totalmente recuperada. E não foi através das regras 'coma-lentamente e pare-quando-você-está-cheia' que eu descrevi ai em cima.
Eu me recuperei comendo amplamente e completamente com o próposito de nutrir meu corpo e até mesmo ganhei algum peso. Peso do qual eu estava cansada de correr dele. Eu percebi que meu medo do peso era um medo da vida, de ser humana e do fracasso, e de toda a bela confusão que a vida real é. Eu estava adiando tudo na minha vida, esperando até que eu estivesse aceitavel e magra ao invés de me arriscar, de me desafiar (o que, nesse estado mental, nunca acontece o aceitavel, então eu nunca me arriscaria).

Se você é já fez várias dietas, e também tentou e falhou uma alimentação intuitiva, não é porque você está destruida ou é um monstro voraz por comida. É porque a versão de alimentação intuitiva que você está tentando ainda é um comportamento com-medo-de-comida. 
E você merece ser amplamente nutrida por comida e não ter medo do que seu peso "diz sobre você" (seu peso não diz nada sobre você, aliás). E até isso realmente acontecer, e até você se alimentar e amar você mesma incondicionalmente, comida e peso vão continuar parecendo importantes e poderosos.

Muitas pessoas que são obcecadas por comida tem a mesma experiência com alimentação intuitiva. Eles transformam isso em outra dieta, outra obsessão, outra coisa para tentar e ser perfeito (e você não pode). Não é assim que a vida funciona. Não é assim que comida, suas vontades e nutrição funcionam. E não é assim que felicidade funciona.

Wednesday, December 24, 2014

Uma lição de Nutrição para o Natal

Nessa época de Natal, tenho refletido muito e gostaria de compartilhar algo que vivenciei no mês passado com vocês.

Em uma atividade de educação nutricional com idosos, um idoso de 97 anos, cheio de saúde, alegria e ainda muita força, questionou nossas "dicas de alimentação" dizendo, sorrindo, com muita alegria:

"Há 97 anos, eu como pirão de peixe no almoço e na janta. Pescado aqui mesmo no meu bairro. De manhã, é comum batata doce ou mandioca. Como frutas só quando tenho vontade e, na verdade, não gosto muito de água". Complementou dizendo que adorava fazer caminhadas no bairro onde mora, que, de fato, é lindo!

Nós, aspirantes a nutricionistas, ficamos com a cara no chão diante dessa relato confrontando nosso discurso aprendido na faculdade "Beba muita água" "Prefira integrais" "Coma mais frutas" e etc e tal.
E - não querendo entrar em termos sobre os discursos trazidos pela Nutrição estarem certos ou não - eu entrei na seguinte reflexão: Qual é o segredo dele? 

Refleti: todos sabemos que alimentação e exercício físico são chaves. Mas, isso seria tudo?
Assim, não querendo entrar no mérito das características nutricionais da alimentação daquele senhor, eu pude aprender uma coisa.

O que eu pude aprender daquele senhor, que era tão sorridente, simpático e disposto, é que talvez a chave da saúde esteja na felicidade. 
Esteja no aproveitar a vida sem se preencher por culpas e preocupações. 
Esteja em se alimentar daquilo porque você gosta, porque seus pais te ensinaram. 
Esteja em se alimentar procurando sua nutrição física, espiritual e psicológica. 
Esteja em dar uma caminhada simplesmente pelo prazer de aproveitar o local que você mora e não porque você deve se exercitar.
Esteja em rir sem motivo, simplesmente porque você se sente feliz.


Naquele dia eu aprendi algo, uma lição da Nutrição que não se adquire simplesmente na sala de aula: talvez a saúde esteja não só em alimentar o corpo, mas em nutrir a alma, o espírito e vontade de viver.

Thursday, November 27, 2014

"Afinal, é errado alguém procurar ser mais saudável?"

Essa pergunta surgiu em uma conversa recente, na qual eu estava argumentando sobre a questão do como a classificação 'saudável' pode ser complexa, e sobre como muitos alimentos que não são considerados popularmente como saudáveis poderiam ser, sim, saudáveis. (Isso eu trago aqui e aqui).

Nesse contexto, alguém perguntou:

"Mas pensando na seguinte situação: eu almocei e tenho como sobremesa um brigadeiro e uma maçã. Não seria melhor comer a maçã?"

A resposta que temos popularmente hoje, em frente a tanta informação vinculada por inúmeros canais diferentes, é clara: Prefira a maçã.

Mas na minha cabeça, a resposta que me vem é: depende. Depende de muitos fatores. Depende de onde eu estou almoçando, depende da minha fome, depende do meu estado de espírito do dia, depende do meu humor, depende do que eu comi no resto do dia, depende de qual minha intenção com aquela sobremesa, depende da companhia que está comigo, depende da ocasião, depende do clima do dia, depende se eu me satisfiz com o almoço, depende da minha intuição... E depende! Depende de cada indivíduo, depende de cada situação, depende, depende, depende...

Deu pra ver que nesse momento, rostos de dúvidas surgiram, e alguém perguntou:

"Tá, mas, afinal, é errado alguém procurar ser mais saudável? Quero dizer, procurar alimentos nutricionalmente melhores?"

Não, não é errado querer ser saudável!
A questão toda é 'O que é procurar ser mais saudável?'

Pra mim:
Se considerarmos que uma alimentação saudável é composta pela função nutricional, social, cultural, psicológica - e tantas outras funções! - do alimento, as pessoas devem sim procurar por uma alimentação saudável.
Mas se formos focar apenas na função nutricional, a busca pela alimentação saudável pode ser infundada, sem contar que pode ser até um terrorismo: é onde entram as dietas e as restrições alimentares.


Por isso, o comer saudável deve ser buscado levando-se em conta não apenas o teor nutricional do alimento - isso não te respeita como indivíduo! - mas deve sim considerar todos os 'dependes' envolvidos na sua escolha alimentar!

Thursday, October 23, 2014

Afinal, como comer? Minhas percepções sobre a alimentação intuitiva e consciente

No último post, eu discuti sobre os vários malefícios associados à realização de dietas, mas eu fiquei devendo uma informação muito importante pra vocês: Como, então, perder peso? 
Antes de iniciar esse tópico, precisamos ter em mente que o peso/forma corporal ideal pra você pode não ser igual os das revistas. Até porque, pasmem!, apenas uma pequena parcela da população tem aquele biotipo da tevê. O resto da população possui biotipos diferentes, que, sinceramente, acho lindos! 
Assim, reflita: eu preciso perder peso?
Eu realmente preciso perder peso por causa de problemas de saúde, ou eu quero me encaixar nos padrões de beleza atuais? 
Quero cuidar de mim, da minha saúde ou do meu bem estar, ou quero fazer o possível e o impossível para me adequar ao peso que os outros acham que devo ter? 
Na verdade, todos nós possuímos um peso de equilíbrio, que é uma faixa de peso (de até 5 a 10kg) na qual nosso corpo se mantém com facilidade e funciona adequadamente. Assim, quando comemos de forma flexível, livre e sem proibições, respeitando nossos sentidos físicos e emocionais (vou chegar nisso!), nosso corpo se manterá nesse peso de equilíbrio. É ainda interessante ressaltar que quando fazemos uma dieta restritiva e emagrecemos além do nosso peso de equilíbrio, nosso corpo entra num estado de alerta, por pensar que está passando fome ou sendo privado de alimento, e aciona aquele nosso instinto de sobrevivência que fará com que nosso organismo revide: metabolismo diminuído, maior armazenamento de gordura e desejos por comida, além de próprios fatores psicológicos, emocionais e sociais que fazem com que não aguentemos permanecer na dieta. Isso levará ao deslocamento do peso de equilíbrio, o chamado efeito sanfona: se você perdeu 2kg, agora ganhará o dobro. 

Mas, então, o que fazer?
Como vocês têm percebido, aquela velha história da balancinha (perda de peso = ingerir menos e gastar mais) não é necessariamente verdade. Por isso, venho trazer outras opções pra vocês:

“Abrace e ame seu corpo,
ele é a coisa mais maravilhosa
que você irá possuir”
Primeiro, temos que nos aceitar. Mesmo muito abaixo ou acima do peso, temos que nos amar, nos aceitar e nos valorizar, pois, só a partir disso, poderemos mudar. Criar um ódio ou uma briga contra nós mesmos só vai nos trazer culpa, tristeza e a sensação de fracasso. O primeiro passo é nos aceitarmos, vermos a beleza que há em nós e nos amar. Independente de peso. Independente de forma corporal. Isso não significa se conformar com a situação, como por exemplo, estar sem saúde. Isso significa se aceitar, se valorizar e se amar, e a partir disso, se permitir mudar.

Segundo, devemos focar no nosso bem-estar e na nossa saúde! Precisamos ter em mente que o peso nunca deve ser um foco! Na verdade, o peso equilibrado deve ser uma consequência de nossas ações em prol da nossa saúde, do nosso bem estar e do nosso corpo.

Terceiro, proponho pra vocês uma ideia que vem crescendo pouco a pouco, retomando os sentidos naturais da alimentação e propondo uma vida sem restrições. Uma ideia que traz uma alimentação flexível, livre de proibições, consciente e que respeita seus sentidos físicos e psicológicos. Esta ideia é a alimentação intuitiva (intuitive eating)/alimentação consciente (mindful eating) (elas têm algumas diferenças técnicas, mas em geral nos levam pra mesma linha!). Linhas de pensamento que trazem:
As pazes com a comida. Dê adeus a sua guerra contra ela. Admita a função importante que a comida tem pra você; perceba que não há alimentos bons e ruins e permita que sua alimentação seja variada e flexível.

- Perceba todas as funções do alimento. A comida tem a função de nos nutrir, mas ela também tem funções sociais, culturais e emocionais em nossas vidas, e isso não deve ser evitado. Deixar de ir a um churrasco com os amigos porque você não quer comer é negar esses outros sentidos da alimentação.

O fim de qualquer restrição. É isso mesmo! A única regra é essa: tudo pode! Você deve estar pensando “Tá, desse jeito, eu vou comer até explodir!” Mas o que acontece é que nosso corpo reage de uma forma bem interessante. Quando abandonamos as restrições, pouco a pouco nosso corpo vai se acostumando a não se privar mais, e consequentemente vai deixando de ter desejos por comida, e nós vamos parando com obsessões e compulsões alimentares. Talvez nas primeiras semanas que você esteja praticando a alimentação intuitiva, você se sinta descontrolada e acabe comendo excessivamente. Mas depois de um certo período, o corpo se adapta e estas vontades e obsessões alimentares vão deixando de existir. Este é o segredo: quando se aceita tudo, seu corpo para de desejar tudo. E assim você leva uma alimentação flexível, livre de proibições e equilibrada (pois seu corpo vai pedir alimentos variados que nutram seu organismo, e também que nutram a alma!).

A confiança em seus sentidos físicos – a fome e a saciedade. Confiar no seu corpo quanto aos estímulos de fome e saciedade é a melhor estratégia que podemos utilizar. Preste atenção na sensação da fome, e coma. E enquanto estiver comendo, preste atenção nas sensações que a comida provoca no seu organismo e identifique a saciedade.

- A consciência e reflexão a respeito do momento de comer. Prestar atenção enquanto você come é um ponto essencial para identificar os sentidos físicos e psicológicos provocados pela comida no organismo! Aproveite cada mordida, cada mastigada! Coma com calma, e reflita sobre este momento. Curta este momento maravilhoso.

Entenda que o comer emocional pode estar presente. Muitas vezes comemos por causa de nossas emoções. Quando estamos tristes ou abalados, acabamos descontando na comida. Isso é muito comum. Não fique com raiva ou triste consigo mesma, mas reflita sobre esse momento, e perceba qual a causa disso. Não se reprima por estes momentos, apenas tente entender o que eles significam para você.

A seguir, quatro pontos que podem ajudar nesse processo:
Mente: Estou saboreando cada dentada e prestando atenção no meu alimento, ou estou pensando em outros problemas ou distraído com algo?
- Corpo: Como meu corpo reage antes e depois de comer? Quais sensações eu sinto?
- Sentimentos: O que é a comida pra mim? Como me sinto em relação à comida? Culpado? Com prazer?
- Pensamentos: Que pensamentos é que os alimentos me provocam? Memórias? Crenças? Mitos? Medos?

Por isso, pessoal, proponho para vocês que façam estes exercícios! Pratiquem, a cada dia, a auto-aceitação, a gratidão por você mesmo, e a alimentação intuitiva e consciente!


Que tal darem essa chance pro corpo e mente de vocês?
Que tal dizer não pra essa maré de dietas, restrições e pode-não-pode de hoje em dia?
Que tal dizerem sim para si mesmos?

Vem comigo!


Post escrito para o blog Maggnificas

Thursday, October 16, 2014

O mito da boca fechada

"Em uma aula de zumba, uma das mulheres comentou comigo como ela ainda não tinha conseguido perder peso desde que havia começado a frequentar as aulas, há três meses atrás. Então ela complementou: “É que só exercício não adianta né, o segredo é fechar a boca”.

Fechar a boca?
Bom, já diziam que “em boca fechada não entra mosca”, então acho que isso é bom motivo pra não manter a boca aberta por aí.

Ou quem sabe, “se não tem nada interessante pra falar, mantenha a boca fechada” também possa ser um motivo pra manter a boquinha fechada.


Brincadeiras à parte, será mesmo que “pra emagrecer, o segredo é fechar a boca?”Será mesmo que realizar jejuns ou restringir muito a alimentação (papel das famosas dietas) é chave para o emagrecimento? Será mesmo que embarcar em uma dieta com poucas calorias é o caminho certo?

Bom, nosso corpo, como vocês sabem, precisa de combustível para viver. Ele é como uma máquina, totalmente perfeita e organizada, que necessita de combustível, na forma de energia, para manter suas funções vitais. Nossas células sobrevivem desse combustível que damos a ela, e nossos órgãos mantêm suas atividades devido a esse combustível. Ainda, cada organismo é único e vai precisar de uma quantidade individualizada de energia e macronutrientes e micronutrientes.

Vamos dar uma analisada no que acontece quando você “fecha a boca” (restringe muito sua ingestão alimentar – as dietas, ou realiza a prática de jejuns):

1)      Quando fornecemos muito menos combustível do que o corpo precisa, ele entra num estado de alerta. A restrição levará a uma perda de peso, mas isso à custo de estresse metabólico - e psicológico. Além disso é provável que você esteja perdendo principalmente água e músculos, e provavelmente atingirá o “efeito platô”, no qual a perda de peso se torna muito difícil

Seu corpo vai ficar em alerta, preocupado, pois está recebendo muito menos energia e nutrientes do que estava acostumado. Começarão a ocorrer alterações metabólicas para manter suas células e órgãos funcionando, mesmo à custa de pouco combustível. Isso fará com que você perca peso, é claro, pois seu corpo está consumindo suas reservas e se auto-consumindo para lhe manter vivo.

Porém nosso corpo é uma máquina perfeitamente adaptável e ele vai sim se adaptar a essa situação. Ou seja, se antes você precisava de x calorias para se manter, seu corpo vai conseguir funcionar perfeitamente usando muito menos calorias. Isto é, ele vai se otimizar! Isso é muito bom para ele, pois como uma máquina de sobrevivência, ele garante que você continue vivo e funcionante. Porém, para você que está querendo emagrecer, isto é um problemão, pois você entrará naquele chamado “efeito platô”. Ou seja você está comendo muito pouco, e não está perdendo mais peso.



(Pois é! E sem as calorias seu corpo não sobrevive!)


2) O proibido passa a ser muito desejado, e seu psicológico passa a ficar abalado: culpa e obsessão invadirão seus pensamentos.

Além disso, ao entrar numa dessas dietas, você acabará restringindo muitos tipos de alimentos. Ou seja, alguns alimentos começam a ser colocados naquela listinha de proibidos, e são cortados bruscamente da alimentação. Seja aquele bombom de depois do almoço, ou aquele bolinho do café da tarde, a ingestão destes alimentos será acompanhada do sentimento de culpa. Você começa a se sentir culpada ao ingerir certos alimentos, pois estes poderiam estragar seu processo. Essa restrição gera um efeito interessante no nosso psicológico: quando não podemos ter algo, nós queremos. E queremos muito. Assim, muitas dietas são acompanhadas por um pensamento obsessivo em comida. Quanto mais você controla sua alimentação, mais você pensa em comida.

3)      “Boca fechada” pode levar a compulsões alimentares.

Muitas vezes a dieta pode levar ao desenvolvimento de compulsões alimentares, as quais se caracterizam por uma ingestão de muita comida em um intervalo muito pequeno de tempo. Por exemplo, você passa uns 7 dias sem comer o seu tão querido bombom, e no oitavo você não se aguenta, e resolve comer um. Mas aquele um bombom está tão mais delicioso agora, e você não consegue evitar e acaba comendo um saco inteiro. E muitas vezes, o comer um bombom não planejado pela dieta causa o pensamento de que você “estragou a dieta no dia” e assim você se libera para atacar todas aquelas outras coisas que você vem proibindo. Mas tudo bem né, porque no dia seguinte você recomeçará a dieta, talvez até comendo bem menos no dia seguinte pra compensar, e tudo voltará aos prumos. O problema é que isso é um ciclo infinito. Você restringe, mas você não aguenta, e acaba comendo aquele alimento excessivamente.

4)      A vida social pode ficar abalada.

A vida social também pode ser um pouco abalada, pois como continuar frequentando aquela noite da pizza com as amigas? Ou como participar daquele churrasco de domingo? Assim, é comum que você passe a evitar estes eventos, ou mesmo comece a levar a sua própria marmita “saudável”, o que também pode não ser muito bem aceito pelos outros participantes.

5)      Dietas e jejum têm um tempo limitado: o “efeito sanfona”.

Provavelmente será difícil manter a tal dieta e essa restrição toda, e você vai acabar desistinto e voltando sua alimentação de antes. O problema, gente, é que agora seu corpo está otimizado, ou seja, seu corpo é capaz de funcionar super bem com menos combustível do que antes. Ou seja você come o mesmo tanto, mas agora seu corpo precisa de menos! Isso é o que leva ao famoso “efeito sanfona”. Você retoma sua alimentação habitual, e não só recupera o peso, como acaba ganhando mais peso ainda. O outro problema é que a composição corporal acaba mudando também, pois você havia perdido principalmente água e músculo, mas agora o excesso da sua ingestão será acumulado como gordura.


Voltando, será que o “boca fechada” realmente vai trazer o emagrecimento? Ou só vai confundir o seu metabolismo e o seu psicológico?
É claro, pessoal, que isso é uma explicação genérica do que acontece quando você segue uma dieta restritiva ou “fecha a boca”. Mas temos que ter em mente que o organismo é uma máquina fantástica e complexa, composta por inúmeras reações e compostos químicos e metabólicos, que se desestabiliza quando submetido a um extresse, como o da “boca fechada”.

Sinceramente, eu não sei como essa crença de que “pra emagrecer tem que fechar a boca” caiu na boca da galera (olha o trocadilho!). Eu fico surpresa, porque esse dito não só não é verdadeiro, como também ofende nosso corpo em sentidos físicos e psicólogicos. Pra manter nosso corpo em função e peso equilibrado, temos que dar a ele combustível suficiente!

Por isso, gente, nada de “boca fechada”.
Vamos dar ao nosso corpo o combustível que ele precisa pra sobreviver, para funcionar perfeitamente, e para nos deixar cheios de vida!

A essa altura, talvez você esteja um pouco confuso: Tá, se “fechar a boca”, fazer dietas ou realizar jejuns não funciona, o que funciona, afinal?

No próximo post, abordarei estratégias a respeito de como se alimentar adequadamente, seja buscando o emagrecimento ou a manutenção do peso, de um modo que respeite nosso metabolismo e nosso psicológico! Isso não involve milagre, fome, ou extrema força de vontade ou disciplina. Isso irá involver amor-próprio e confiança em si mesmo. Mas, para não deixar vocês na vontade, já vou deixando um exercício para vocês para introduzir o próximo post:

- Pratique amor-próprio (lembre-se que independente de você parecer com as mulheres divulgadas pela mídia, você é linda e ninguém pode te dizer o contrário!). Observe as coisas boas que você tem!

- Preste atenção no seu corpo, nos sentidos da fome e da saciedade, enquanto você come; e observe o prazer que os alimentos trazem.


Beijos!

Saturday, August 2, 2014

O que é comer normalmente, afinal?

Em meio a uma enxurrada de informações a respeito de dietas, seleção alimentar, restrição de alimentos, alimentação saudável, alimentação fitness, aumento de proteínas, diminuição de carboidratos, estratégias sem lactose ou sem glúten, super alimentos, alimentos ruins e afins, essa pergunta para ser bem difícil de responder. Parece que o conceito do comer normalmente está ficando esquecido.

Então, pesquisando sobre o assunto, me deparei com esse brilhante conceito de Ellyn Satter, e achei legal trazer aqui para uma reflexão:

Comer normalmente é ir para a mesa com fome e comer até se sentir satisfeito. 
É ser capaz de escolher os alimentos que você gosta e comê-los até ficar verdadeiramente satisfeito - não apenas parar de comer porque você acha que deveria. 
Comer normalmente é ser capaz de refletir sobre sua escolha alimentar para que você possa obter alimentos nutritivos, mas não ser tão restritivo e seletivo ao ponto de esquecer os alimentos que você gosta. 
Comer normalmente é às vezes lhe dar permissão para comer porque você está feliz, triste ou entediado, ou apenas porque isso é gostoso.
Comer normalmente é ter três refeições ao dia, ou quatro, ou cinco, ou você pode ir escolhendo ao longo do dia.
É deixar alguns biscoitos no prato porque você sabe que você pode comê-los de novo amanhã, ou comer todos agora porque eles têm um gosto maravilhoso.
Comer normalmente é comer demais às vezes, e se sentir cheio e até desconfortável. Mas às vezes isso pode ser comer a menos. Comer normalmente é confiar em seu corpo para corrigir seus "desvios" na alimentação.
Comer normalmente exige um pouco do seu tempo e da sua atenção, mas também ocupa o lugar de apenas uma área importante, entre tantas, de sua vida.
Em resumo, comer normalmente é ser flexível. Isso varia conforme sua fome, sua agenda, sua proximidade ao alimento e seus sentimentos.

Segundo a autora - e eu concordo! - o comer normalmente é, sobretudo, flexível, amplo e baseia-se na confiança nos instintos do organismo. Ele é consciente, e considera não só a função nutricional do alimento, mas também o prazer intrínseco a ele. Ele respeita o organismo e a mente.

O comer normalmente não é obsessivo, mas natural de todo ser vivo. Só temos que resgatá-lo.




Fonte: Tradução não literal do conceito de Ellyn Satter (http://www.fatnutritionist.com/index.php/what-is-normal-eating/)